Grupo de Trabalho do Apoio Social - 12.07.2023

Na sequência da visita hoje, pelas 15:00, ao antigo Quartel da GNR de Santa Bárbara, sito em Arroios, actual centro para acolhimento de pessoas em situação de Sem-Abrigo, visita essa promovida pela 6ª Comissão da Assembleia Municipal de Lisboa, vimos agora, como no passado, reiterar a nossa posição e dos moradores da freguesia, que pugnam pela extinção imediata deste centro nesta freguesia, apresentando, entre outros, os seguintes motivos e fundamentação.

O único impacte que o mega centro em Arroios, que chegou a ter cento e trinta pessoas em situação de sem abrigo, teve, foi que as pessoas desta zona de Arroios passaram a odiar os "Sem-abrigo". O facto de inicialmente ter sido previsto um espaço para 200 pessoas como afirmado publicamente na comunicação social pelo principal arquitecto desta ideia (o vereador Manuel Grilo do Bloco de Esquerda) mostra a total falta de planeamento e desbarato de dinheiros públicos.

Esta falta de planeamento verifica-se em tudo o que se seguiu. Não foi aumentada a higiene urbana no Bairro, uma das preocupações dos moradores, antes pelo contrário. Depois de muita luta, por parte dos moradores e comerciantes o que aconteceu foi uma ligeira melhoria apenas. Foi preciso que semanalmente dois voluntários, jovens, descessem ao Largo Santa Barbara com pinças para apanhar as garrafas de cerveja e vinho descartadas diariamente pelos utilizadores do quartel. Não estamos na Baixa, nem no Chiado com cafés e restaurantes turísticos. Estamos num dos bairros com o álcool mais barato de Lisboa, com vendas para consumo directo de cerveja, vinho e cigarros a avulso. 

Não foi aumentada a segurança, outra preocupação. O quartel em si tem um ou dois seguranças, mas a população geral foi deixada para se defender a si mesma. É só pedir à Polícia de Segurança Pública as ocorrências no Largo Santa Barbara por violência e desacatos fomentados por álcool, droga e problemas mentais por pessoas que deviam estar a ser tratadas naquela unidade mas não estão. São tudo aparências! Para não bastar fecharam as esquadras no Bairro e o posto de atendimento da PSP e o que se seguiu era o expectável. Os vendedores de droga tendo perfeita noção de que os seus clientes estavam todos concentrados no quartel começaram a vender droga no local. Temos vizinhos com medo de entrar em prédios por terem medo de pedir aos mais violentos que se afastem, temos comerciantes com lojas vandalizadas e forçados a fechar as portas prementemente ou mais cedo por haver confrontos com armas brancas, temos vídeos e fotografias tiradas por associados, pelos seus vizinhos e pelos comerciantes de tudo o que se tem estado a passar neste bairro desde que alguém tomou esta decisão inconcebível.

Há pessoas em situação de sem abrigo que trabalham, há idosos, há doentes, físicos e mentais, há pessoas em situação de sem abrigo com vícios de álcool, estupefacientes ou até os dois, há pessoas com problemas de violência, e juntar tudo no mesmo local levou a isto. Não se pode centrar tudo no mesmo local, isto não ajuda a reabilitar ninguém é só mais um dos inúmeros impedimentos que uma pessoa em situação de sem abrigo tem de enfrentar. Para o bem dos residentes e para o bem das pessoas em situação de sem abrigo, tem de haver um plano diferente do que já foi testado e que falhou. Meter tudo e todos em Arroios não funciona, a nossa população já é forçada por preços astronómicos a morar e trabalhar em condições degradantes, estima-se que a população do bairro é o dobro do que está no papel (census 2021). A juntar isto a falta de higiene, a venda de droga, a falta de policiamento, o ruído são ingredientes para a receita perfeita para por a rebentar esta freguesia pelas costuras.

Ninguém propõe que isto passe para Belém ou para a Estrela ou para Campo de Ourique, às vezes sentimos como se Arroios fosse o caixote do lixo, onde a cidade mete o que não gosta e recusamo-nos a ver mais do mesmo. Se isto é um problema da cidade e do País então toda a cidade e mais importante  todo o País deve ajudar e encontrar a solução para o problema em vez do perpetuar.

Vizinhos de Arroios - Associação de Moradores